quinta-feira, julho 26, 2007

As Margaridas Amarelas - Um efeito do Paradoxo

Aos poucos seus sentidos forçavam-na a voltar a realidade. As cores, ora inexistentes, ganhavam vida a medida que alguns segundos eram gastos em piscadelas rápidas. Mas ainda não conseguia mover-se. Seu desespero aumenta quando percebe que sua força de vontade não é suficiente para mover seu pescoço. Entra em pânico quando nota que ela não é suficiente para mais nada além de piscar. nem chorar ela consegue e se conseguir, teme que se afogue nas próprias lágrimas.

Quanto tempo parece passar? Os segundos estão distorcidos, ora longos como horas ora curtos como pensamentos.

Não sente nada, nem o vento que ela escuta e somente o percebe graças a visão de seus cabelos negros balançando e repousando em sobre seus lábios carnudos.

Ela vê e escuta,... nada mais.

Vê um mar de margaridas ondulando a sua frente. As vezes algumas pétalas caminham lentamente em sua direção, o que lhe trás a sensação de estar deitada. Ouve o vento e por mais que se esforce, não escuta nada além disso.

"O que é isso? - Estou Louca? Que lugar é este?. As perguntas reverberam na sua cabeça, todas buscam uma saída para aquele lindo delírio angustiante.

Ela ouve passos a sua esquerda, passos amortecidos por algo macio que ela deduz ser as pétalas que caem forrando o chão.

Surge em seu campo visual, a sua direita, um homem de terno azul-cobalto, parece não notá-la, apenas olha para as margaridas acima de sua cabeça decorada com cabelos loiro-ruivo.

Ele tira de seus bolsos a mão direita e tenta alcançar as flores. Este ato faz com que as flores fujam timidamente de seu toque.
-Margaridas!
- diz surpreso - e Amarelas! Porque você escolheu esta cor?
Se a pergunta foi dirigida a ela, pouco importa, mas a resposta parece querer saltar de sua boca imóvel - "Eu não sei!"

O homem diz, sem ainda percebê-la, mas desistindo de tocar as margaridas: - Sua cor preferida sempre foi o Azul!.
Ele olha para um lado e para outro como se procurasse um caminho a seguir, ou alguém. Ele prepara um grito, mas não o emite. Ela sabe que é por ela a busca e só precisa ouvir seu nome novamente.

O homem escolhe uma direção e parte, em busca de alguém e ela fica com a esperança de que a encontre, afogada nas margaridas amarelas.


A mágika não está morta.
Abra seus olhos e...
Desperte.




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